05 fevereiro 2007

Rondonistas retornam à Brasília


Os dois professores e seis estudantes da UnB que desenvolveram o Projeto Rondon 2007 em Curionópolis (PA) desembarcaram em Brasília por volta das 12h de domingo, 4 de fevereiro. Eles viajaram à bordo do avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) num vôo que durou cerca de três horas.

Apesar do cansaço, os rondonistas retornaram para casa realizados profissional e pessoalmente. Afinal, foram 17 dias de muito trabalho junto aos gestores e à comunidade de Curionópolis. Além das palestras, oficinas e encontros, os universitários vivenciaram momentos marcantes. Entre eles, a visita à população do garimpo de Serra Pelada e à maior mina de ferro à céu aberto do mundo, na Serra dos Carajás.

Para o coordenador da equipe, o professor do Instituto de Geociências (IG) da UnB Detlef Walde, os rondonistas alcançaram as metas traçadas durante o planejamento. “Foi uma excelente experiência. Minha avaliação é positiva até porque a ação B, que é de atuar junto aos gestores, é muito mais complicada. É difícil reunir os agentes municipais porque eles têm pouco tempo e não podem ficar para todas as oficinas”, afirma Walde.

Mesmo assim, a equipe da UnB conseguiu reunir um bom grupo de gestores em muitas atividades. Para se ter noção, a oficina Refletindo a família, ministrada pelo estudante do 8° semestre de Psicologia da UnB Eduardo Guimarães Amorim, 23 anos, contou com um público de 32 pessoas. “Estava preparado para dar uma oficina para cerca de seis pessoas. A experiência de participar de um projeto de extensão também foi nova para mim”, diz Amorim.

Na opinião da subcoordenadora da equipe, a professora do Instituto de Artes (IdA) da UnB Maria Luiza Fragoso, um dos aspectos positivos do projeto foi o apoio oferecido pela Prefeitura e pela comunidade. Além disso, ela avalia que os estudantes obtiveram bons resultados junto à população. “Como o município de Curionópolis é conhecido pelo garimpo de ouro, a maioria da pessoas vem aqui só para tirar algo. O simples fato de a comunidade receber um grupo de universitários que vem para trazer conhecimento já muda a postura dela em relação à vida”, analisa Maria Luiza.

03 fevereiro 2007

Avaliação do Rondon 2007 na Amazônia Oriental

As equipes que atuaram na região da Amazônia Oriental no Projeto Rondon 2007 reuniram-se na tarde de sábado, 3 de fevereiro, no auditório Eduardo Bezerra da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (PA) para avaliar as atividades desenvolvidas durante o projeto. Em encontro emocionante, os rondonistas falaram sobre os trabalhos que realizaram nos municípios beneficiados na região, sobre o contato com as comunidades locais e sobre a recepção por parte dos agentes municipais.

Foram duas semanas cansativas para os dois professores e seis estudantes da UnB que trabalharam em Curionópolis. Nesse período, eles organizaram oficinas, palestras e encontros com os gestores da cidade, entre outras atividades. Para os rondonistas, a realização pessoal, o crescimento pessoal e a certeza de que contribuiram para o desenvolvimento do município compensa todo o esforço.

“Fiquei muito satisfeito. O grupo superou todas as dificuldades que surgiram no caminho e fez um excelente trabalho. Nós também tivemos muito apoio da prefeitura e da comunidade”, avalia o coordenador da equipe, o professor do Instituto de Geociências (IG) da UnB Detlef Walde.
“Fui rondonista na década de 1980 e tenho a experiência gostosa do que é participar do projeto. Aqui, conseguimos desenvolver todos os temas propostos durante os dois meses de preparação que antecederam a viagem”, comemora a subcoordenadora da equipe, a professora do Instituto de Artes (IdA) da UnB Maria Luiza Fragoso.

Para o estudante do 6° semestre de Pedagogia da UnB Francisco Márcio Amado, 28 anos, o Projeto Rondon 2007 foi uma experiência enriquecedora. “Gostei da condução dos trabalhos desde o processo de seleção. Foi uma realidade totalmente diferente e uma atuação muito frutífera. Fiquei feliz em saber que pude instigar as pessoas a quererem mudar a realidade em que vivem”, analisa o rondonista.

Na manhã de domingo, 4 de janeiro, a equipe de rondonistas da UnB que atuou em Curionópolis no Rondon 2007 (PA) retorna para Brasília.

02 fevereiro 2007

Entrevista – Sebastião Curió Rodrigues de Moura Parte V - Militarismo X Política

UnB Agência – O senhor diz que militar não tem jogo de cintura para ser político, mas o senhor é prefeito, que é um cargo político. Como fica essa situação?
Major Curió – O militar não foi formado para política, foi formado para a guerra. Existem exceções. Um militar que foi um grande político, por exemplo, foi Jarbas Passarinho. Mas o militar foi formado para uma missão mais dura, mais direta, precisa. O político tem de ter jogo de cintura, contornar situações, fazer promessas ou deixar a entender que fará algo mesmo sabendo que não o fará. Sou um bom administrador, mas falho politicamente. Não empurro ninguém com a barriga. Se me pedirem favor, não dou o famoso jeitinho. Digo que não posso fazer. Sou direto.

UnB Agência – O senhor é a favor de um militar voltar a ser presidente do Brasil?
Major Curió – Não. Justamente pelo que eu disse. Existem exceções. Há militares que são mais flexíveis, que têm mais diálogo e jogo de cintura político. Sou a favor de o governo civil trabalhar em parceria com o militar, inclusive no combate à criminalidade. O apoio das Forças Armadas daria mais força e rigor ao combate.

Entrevista – Sebastião Curió Rodrigues de Moura Parte IV - Pena de morte e aborto

UnB Agência - O senhor é a favor da pena de morte?
Major Curió – Adianto que podem ocorrer injustiças, mas sou a favor da pena de morte para crimes hediondos com requintes de selvageria. Tivemos casos graves no Brasil como o do bandido da luz vermelha e o da mala. São pessoas que não podem viver em sociedade. Se recebem sentença de 30 anos de prisão e são réus primários, por exemplo, cumprem apenas um terço da pena e têm liberdade condicional. Assim, voltam a praticar o crime.

UnB Agência – O senhor é a favor do aborto?
Major Curió - Sou contrário. O feto é um ser humano que ainda não tem o direito de decidir sobre sua própria vida. O casal deve tomar todas as medidas preventivas, mas, se a mulher engravidar, deve tomar todos os cuidados com o filho.

UnB Agência – E qual é a sua opinião a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Major Curió – Sou completamente contrário. Acho uma degradação, ridículo. Pela lei da natureza, a mulher foi feita para o homem e vice-versa. São pessoas com pensamentos e sentimentos iguais, mas com sexos diferentes. Cada um tem de exercer a sua atividade. Podem até me chamar de machista, mas é o meu pensamento como homem. É ridículo ver dois homens abraçados na rua.

Entrevista – Sebastião Curió Rodrigues de Moura Parte III - Saúde e Educação

UnB Agência – Como o senhor trabalharia para melhorar a saúde do país?
Major Curió - A saúde tem de ser descentralizada dos grandes hospitais e do centro. É isso que fazemos aqui em Curionópolis. Também é importante que haja a saúde preventiva para diagnosticar com antecedência determinados tipos de doenças. Se descentralizarmos a saúde por meio de projetos como o Programa de Saúde Família (que atende a comunidade de casa em casa), descongestionaremos os hospitais e melhoraremos indiscutivelmente o atendimento.

UnB Agência – E a educação?
Major Curió – Eu trabalharia para facilitar o acesso ao ensino, principalmente na zona rural, como é o nosso caso aqui. Já no ensino superior, são necessárias mudanças radicais. Sou a favor de que a seleção seja feita desde o ensino médio para facilitar o acesso dos alunos às faculdades. Dessa forma e sem o vestibular tradicional, as condições de ensino seriam melhoradas e os alunos teriam mais incentivo para estudar.

Entrevista – Sebastião Curió Rodrigues de Moura Parte II - Segurança Pública

UnB Agência – Como o senhor lida com a questão de segurança em Curionópolis?
Major Curió – A segurança é uma necessidade e uma das maiores aspirações do povo. Aqui, nós fazemos cumprir a lei. É bandido? Vai pra cadeia. Reage à mão armada? É respondido à mão armada. Toda ação tem uma reação em igual intensidade e em sentido contrário. Há certos tipos de delinqüentes que não têm outra solução a não ser prisão e, se resistir, a mão armada. Tem de haver muita força de vontade para combater a delinquência e a criminalidade. É raríssimo ver um assalto aqui. Sempre festejamos o carnaval e nunca houve uma briga aqui. Se pintar um bandido, nós não esperamos que ele pratique um crime. Todo bandido tem uma ficha. Vimos que chegou, pedimos o currículo e prendemos imediatamente.

UnB Agência – O senhor é conhecido como um homem muito rígido. Como o senhor combateria os problemas de segurança pública no país?
Major Curió - Sou uma pessoa humana, mas cumpro a lei. Não abro mão de os infratores responderem por seus crimes. Por isso, dizem que sou rígido. Baixo uma ordem e ela tem de ser cumprida. No Brasil, faltam vontade política e um esquema estratégico compatível com a força da criminalidade. O primeiro problema é que se combate a criminalidade, muitas vezes, com forças policiais no seio das quais existem integrantes de quadrilhas. Inicialmente, tem de se fazer uma seleção nas forças, começar pelas cabeças, pelos mandantes. Aqui em Curionópolis, pegamos quem alimenta a criminalidade. Em São Paulo, por exemplo, não vejo necessidade de polícia militar de um efetivo tão considerável. Bastaria vontade política e um aparelhamento bélico compatível com o dos criminosos, que estão mais bem armados que a polícia.

UnB Agência - Na prática, como o governo federal deveria agir em relação à segurança pública?
Major Curió - Tudo começa com um trabalho de inteligência de informação e com um sistema estratégico. É preciso saber quem é quem para, depois, selecionar as equipes da polícia. Operacionalmente, às vezes é ridículo ver policiais subindo os morros do Rio de Janeiro em fileiras. Tem de ser uma operação especial em combate militar para cercar uma área daquela. Fazer triagem na saída da população e deixar o morro como um campo de batalha porque bandido tem esconderijo, sistema de alerta, está mais bem armado que a polícia.

UnB Agência – O governo Lula está devagar nessa questão?
Major Curió - Sim. Onde estão os criminosos que atacaram os postos policiais, atiraram na população, queimaram ônibus e implantaram o terror em São Paulo (p). Eu não tenho conhecimento. Tem de haver uma ação. Talvez o Lula tenha um pouco de dificuldade porque nós vimos o governo de São Paulo dizer que não queria apoio do governo federal na segurança, mas o próprio Lula viu que o esquema do estado não era eficiente. O próprio governo federal tinha de intervir e tomar a frente do combate. Reafirmo que falta vontade política.

Entrevista – Sebastião Curió Rodrigues de Moura Parte I - Serra Pelada e Curionópolis

Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 72 anos, pisou no Sul do Pará pela primeira vez em 1972. Enviado pelo governo militar para comandar uma operação de inteligência, ele tinha a missão de identificar os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PC do B) no Araguaia. A segunda vez foi em 1980, quando foi descoberto ouro em Serra Pelada. Ele foi para lá, então, como interventor federal para colocar ordem no garimpo. Oito anos depois, fundou o município de Curionópolis, que recebeu nome em homenagem a ele. Hoje, o major ainda manda no pedaço de chão à beira do Km 30 da rodovia PA-275, mas como prefeito eleito democraticamente.

O apelido de Curió que ainda o acompanha surgiu nos primeiros anos do exército, quando ele freqüentava a Escola Preparatória de Cadetes, em Fortaleza, na década de 1950. Curió lutava boxe nos fins de semana para completar o dinheiro do soldo. “No Exército, eu recebia como o pagamento de 100 cruzeiros velhos por mês. Com a luta, recebia mais 150 cruzeiros velhos por semana”, lembra-se o major. A fama de brigão de quando era lutador o acompanha até hoje. “Ainda me considero bom de briga. Sou fácil de conviver desde que meus direitos sejam respeitados. Não levo para casa nenhum desaforo. É uma questão de temperamento e de filosofia de vida. Não admito ofensa. Dou o troco”, garante o major.

Com uma vida dedicada ao regime militar, o major Curió não economiza nas críticas ao governo federal. No que diz respeito à segurança pública, por exemplo, o prefeito considera que o governo Lula é lento no combate ao crime. Ele defende que deve haver um trabalho de inteligência de informação e um sistema estratégico. Leia essa e outras opiniões do lendário Major Curió em entrevista exclusiva à UnB Agência:

UnB Agência – Como foi a organização de Serra Pelada?
Major Sebastião Curió Rodrigues de Moura
- A Serra surgiu da noite para o dia. O movimento migratório de garimpeiros foi impressionante. Como nós estávamos saindo de um conflito social (em referência à Guerrilha do Araguaia), havia, indiscutivelmente, um trabalho de massificação por parte dos componentes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e até mesmo de certas facções da esquerda clerical. Na época, eu era chefe do Setor de Informações do Exército e fui mandado para lá para conseguir conduzir aqueles homens numa política favorável ao governo. A intenção inicial não era dar apoio social nem comercial, mas sim político-ideológica. Para isso, nós tinhamos de conseguir meios de apoio com alimentação, saúde, segurança e pagamento justo do ouro. Consegui desviar aquela massa de toda e qualquer idéia de guerrilha.

UnB Agência – Desviou por meio de quê?
Major Curió
- Tecnicamente, esse é um trabalho de força especial. Entrei em Serra Pelada com uma equipe de governo e começamos a apoiar os garimpeiros. a idéia inicial era político-ideológica, trabalhamos com o hasteamento da bandeira todos os dias e com o incentivo ao patriotismo. Viva o Brasil! Viva o Brasil! Viva o Brasil! Cresceu o sentimento de patriotismo e ganhamos aquela massa toda.

UnB Agência - E como foi a criação do município de Curionópolis?
Major Curió - Aqui era o município de Marabá. As pessoas só conseguiam chegar a Serra Pelada por via aérea. Os aviões pousavam e decolavam constantemente e o fluxo de entrada e saída de homens aumentava a cada dia. A pista tornou-se pequena e o transpote via aérea caro e inviável. Por isso, começamos a construir a estrada e os garimpeiros trouxeram suas mulheres e filhos para o Km 30 da rodovia PA 275. Foi quando surgiu um povoado desordenado e sem infra-estrutura. Recebi ordem de Brasília pra queimá-lo, mas considerei que tinha uma missão difícil, que era de organizar a região. Abri ruas, construí o primeiro colégio, mandei distribuir lotes gratuitamente. Assim estruturamos a cidade. A população batizou o povoado com o nome de Curionópolis à revelia. Eu mesmo não queria. Bati o pé porque eu ainda estava vivo e só se dá nome em homenagem a alguma pessoa quando ela já morreu, mas não adiantou.

UnB Agência - Como o senhor avalia a situação de Serra Pelada hoje?
Major Curió
- Imagino o futuro de Serra Pelada como uma cidade emancipada, mas considero muito difícil a exploração das galerias subterrâneas. É totalmente impossível a lavra manual em Serra Pelada. A exploração tem de ser feita com uma tecnologia altamente especializada, que existe apenas no Canadá e na África do Sul. Além disso, a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coopmigasp), que é a que tem direito de explorar o solo, não presta contas para a Junta Comercial do Estado há dois anos. Assim, mesmo se ela conseguisse o alvará de lavra do governo federal, não poderia extrair ouro. Por outro lado, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) virá explorar ferro aqui e isso trará impostos e desenvolvimento para a região.

Novas perspectivas profissionais


Os jovens de Curionópolis (PA) puderam refletir a respeito de seu futuro e de suas perspectivas profissionais durante a feira Construindo Nossas Vidas, realizada pela equipe de rondonistas da UnB na quita-feira, 1 de fevereiro, na escola Almir Gabriel. Eles participaram da oficina Educação, futuro e profissão, organizada pelo estudante do 6° semestre de Pedagogia da UnB Francisco Márcio Amado, 28 anos.

Presente ao encontro, a estudante Thaís Teixeira Gava, 14 anos, aproveitou a oportunidade para tirar dúvidas a respeito dos cursos, do tempo de duração de cada graduação e dos processos de seleção das instituições de ensino superior (IES) espalhadas pelo Brasil. “Não temos esse tipo de discussão por aqui. Até mesmo no colégio falamos muito pouco sobre o assunto. Tudo o que aprendi poderei ensinar a outras pessoas”, diz Thaís.

Amado avalia avalia que a oficina fez com que os jovens tivessem uma nova visão a respeito de seu futuro profissional. “É gratificante poder conversar abertamente com jovens daqui a respeito de temas como educação e profissão. Fiquei satisfeito ao perceber que eles tiraram dúvidas e, agora, estão muito mais convencidos do seu potencial”, afirma o rondonista.

01 fevereiro 2007

Arte e criatividade no Rondon 2007


Os rondonistas da UnB em Curionópolis (PA) fecharam as atividades no município com chave de ouro. Eles organizaram um dia inteiro de ações para a comunidade na escola Almir Gabriel. Foram brincadeiras, jogos, exposições, oficinas, apresentações teatrais e aulas de dança. Mas o que mais encantou as crianças foi a performance da bailarina Tainá Rangel Pinagé (foto), 22 anos, estudante 7° semestre de Medicina Veterinária da UnB.

Tainá, que também deu aula de balé para as crianças, afirmou que a dança pode até ser o sonho de muitas meninas da cidade, mas, muitas vezes, é inacessível. Por isso, expliva a bailarina, a idéia foi estimular a comunidade a ouvir música clássica e a levar um professor de balé para a cidade. “É muito compensador dar aula aqui porque as crianças são ávidas por aprender. Fiquei emocionada por ver que tem muita menina aqui que é talentosa, mas pode nunca chegar a dançar”, diz a rondonista.

Quem visitou a feira pode conhecer ainda a história de Curionópolis por meio de fotografias e vídeo. A dona de casa Euridinete Trindade dos Reis, 30 anos, levou seus três filhos para o encontro. “Aprendo muita coisa nessas atividades. Além disso, as crianças não têm opção de diversão aqui na cidade. Elas brincam, geralmente, dentro de casa ou jogam bola na rua. O dia de hoje sempre ficará na memória delas”, afirma Euridinete.

31 janeiro 2007

Ações de cidadania, saúde e lazer em Curionópolis

A equipe de rondonistas da UnB em Curionópolis (PA) realizará a feira Construindo Nossas Vidas na quinta-feira, 1 de fevereiro, na escola Almir Gabriel. O encontro promoverá expressões culturais e ações globais de saúde, educação e lazer no município, além de confraternizar a comunidade com o grupo do Projeto Rondon 2007. A comunidade participará de atividades como oficina de pitura, apresentação de teatro e de dança e aula de balé e alongamento.

A programação (veja abaixo) enfocará a cidadania, a saúde ambiental e a inclusão social, entre outros temas. A idéia da feira é fechar as atividades em Curionópolis com chave de ouro, já que ela é a última ação de extensão dos rondonistas na cidade. Na manhã de sábado, 3 de fevereiro, os professores e estudantes partem para Marabá (PA), onde avaliarão o desenvolvimento do projeto junto às outras instituições que atuaram na região da Amazônia Oriental.

PROGRAMAÇÃO DA FEIRA CONSTRUINDO NOSSAS VIDAS
11h – 12h

Futebol feminino e brincadeiras;
Oficina de pintura;
Saúde para crianças.

13h – 14h
Aula sobre educação, profissão e futuro;
Aula sobre educação sexual;
Oficina de compostagem.

14h – 15h
Jogo de vôlei;
Encontro com idosos;
Aula de desenho para crianças.

15h – 16h
Exposição de fotos da história de Curionópolis;
Sarau de poesia;
Apresentação de teatro;

16h – 17h
Aula de dança;
Aula de balé e alongamento;
Aula de música.

17h
Apresentação de canto e balé;
Show da banda Os Alterados do Forró

A pequena cidade da Vale do Rio Doce

Os rondonistas da UnB aproveiratam a visita a Floresta Nacional de Carajás na quarta-feira, 31 de janeiro, para conhecer o Núcleo Habitacional da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) no local. A estrutura foi instalada pela CVRD em 1986 para apoiar as operações de mineração iniciadas na região e, hoje, abriga cerca de sete mil pessoas. O núcleo, na realidade, é pequena cidade. Para se ter idéia, a população local conta com comércio desenvolvido, escola de ensino fundamental e médio, centro de idiomas, cinema, teatro, áreas de lazer e bancos.

O núcleo ocupa uma área de 308 hectares e possui todas as condições de conforto e segurança para acolher os habitantes. Ao todo, são 1,3 mil residências. Os moradores são empregados da Vale, de empresas contratadas e familiares. Mas a estrutura não é suficiente para abrigar todas as pessoas que trabalham na empresa. Hoje, a CVRD em Carajás tem 13 mil empregados. A política da companhia é de que 70% da mão de obra local. Assim, chegam ao núcleo cerca de 80 ônibus lotados todos os dias. A maioria vem do centro de Paraupebas (PA), município onde a Vale se localiza.

Preservação ambiental em Carajás

Quem observa a cava de 300 metros de profundidade da mina de ferro de Carajás logo imagina que as atividades de exploração geram profundos impactos ambientais na região. O professor do Instituto de Geociências (IG) da UnB Detlef Walde, especialista em geologia ambiental, aponta, no entanto, que o que impressiona no primeiro momento é o impacto visual, mas que essas áreas podem ser facilmente recuperadas. “A degradação pode ser controlada por meio de ações como terraplanagem e reflorestamento. São medidas relativamente fáceis de serem aplicadas porque o impacto causado pela exploração é pontual, já que as áreas de mineração são restritas”, afirma o especialista.

Além disso, diz ele, existem atividades que atingem o solo e água de forma não-visível e que geram consequências muito mais graves. A agropecuária é uma delas. Grandes plantações de soja, por exemplo, modificam a vegatação do cerrado, causam desmatamento e poluem a terra com o uso de químicos.

A analista de comunicação da CVRD Lizziane de Queiroz, que guiou a visita dos rondonistas às dependências da companhia na quarta-feira, 31 de janeiro, explica que a empresa tem a política de desenvolvimento sustentável. “Toda e qualquer exploração cauda impacto ambiental, mas fazemos de tudo para minimizá-lo por meio de atividades como conscientização ambiental e reflorestamento”, afirma Lizziane.

A CVRD também atua na região em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com Lizziane, a Vale ajuda a preservar 1,2 milhão de hectares de terra. O Ibama, por sua vez, protege cinco Unidades de Conservação (veja abaixo) na região da Província Mineral de Carajás. Essas UCs totalizam mais de 761 hectares de terras e têm a intenção de conciliar a proteção dos ecossistemas e toda a sua biodiversidade com os interesses sociais e economicos dos municípios.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO EM CARAJÁS
1 – Área de Proteção Ambiental do Igarapé-Gelado;
2 – Floresta Nacional de Carajás;
3 – Floresta Nacional do Itacaiúnas;
4 – Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri;
5 – Reserva Biológica do Tapirapé.

Visita à maior mina de ferro à céu aberto do mundo


A equipe de rondonistas da UnB visitou a maior mina de ferro à céu aberto do mundo na manhã de quarta-feira, 31 janeiro. Eles conheceram a Serra dos Carajás, localizada no município de Paraubebas (PA), e as instalações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) no local. Os professores e estudantes ficaram impressionados com a profundidade da cava da mina, que é de 300 metros, e com a infra-estrutura da empresa para exploração mineral. Na mina, os funcionários trabalham 24 horas por dia na escavação e em outros processos como britagem e tratamento.

Tanto empenho e dedicação geram bons resultados. Para se ter noção, saem da empresa, em média, nove trêns carregados por dia. Cada um leva cerca de 20,6 mil toneladas de minério de ferro, o que totaliza 185,4 mil toneladas diárias. Todo esse minério percorre uma distância de 893 quilômetros até o terminal marítimo de São Luiz (MA), de onde é exportado. Hoje, a CVRD na Serra dos Carajás tem 13 mil funcionários. A política da companhia é de que, desses, 70% seja mão de obra da população local.

O coordenador da equipe de rondonistas da UnB, o professor do Instituto de Geociências (IG) da universidade Detlef Walde, considera que a visita foi de importante impacto para a formação dos estudantes. “Agora eles têm noções técnicas a respeito do tratamento do minério de ferro, da britagem e do transporte”, avalia o coordenador. "Foi muito bom para ter um panorama das atividades da Vale e para conhecer posições da empresa a respeito de temas como meio ambiente e relação com a comunidade local", reforça o estudante do 15° semestre de Biologia da UnB Lucas Silveira Antonietto, 23 anos.

30 janeiro 2007

Formação cidadã em Curionópolis

Atos simples como não jogar papel no chão, lutar pela preservação ambiental e participar ativamente da vida política da cidade podem melhorar a qualidade de vida de uma população. A aposta é do estudante do 6° semestre de Pedagogia da UnB Francisco Márcio Amado, 28 anos, que ministrou a palestra Cidadania na tarde de terça-feira, 30 de janeiro, no Teatro Municipal de Curionópolis (PA). Ele foi um dos seis rondonistas que falaram sobre temas como Educação Inclusiva, Saúde e Desenvolvimento Sustentável.

Amado discutiu os deveres e direitos do cidadão e levou os participantes do encontro a questionar qual seria a função do Estado e de cada um deles na sociedade. Para o estudante do 8° semestre de Psicologia da UnB Eduardo Guimarães Amorim, 23 anos, a educação inclusiva também é um exercício de cidadania. Isso porque, diz ele, o ensino é um direito de todos, independentemente de questões como religião, cor ou deficiência física.

A estudante Dâmaris Carvalho Ribeiro da Silva, 15 anos, considera importante a discussão sobre cidadania em Curionópolis. Ela aponta que, no município, as pessoas se envolvem muito politicamente em épocas como eleições, mas pecam na hora de cobrar seus direitos junto aos representantes no governo. “Por ver que questões como violência estão melhorando aqui, a população deixa de lutar por seus direitos. Mas ainda há muito o que fazer. Precisamos lutar por assuntos urgentes como saneamento básico e educação”, avalia Dâmaris.

Rondonistas visitarão Serra dos Carajás

Uma das maiores províncias minerais do mundo, a região de Carajás, localizada no município de Parauapebas (PA), foi descoberta em 1967. O complexo montanhoso que registra grandes reservas de ferro também contém depósitos de manganês e cobre, entre outros minérios. É para lá que os rondonistas da UnB que atuam em Curionópolis (PA) partem na manhã de quarta-feira, 31 de janeiro. Eles conhecerão as instalações da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a mina de Minério de Ferro, o Núcleo Urbano e o Parque Zoobotânico do local.

De acordo com o coordenador da equipe de rondonistas da UnB, o professor do Instituto de Geociências (IG) da universidade Detlef Walde, a intenção da visita é conversar com os representantes da CVRD a respeito dos programas e projetos dela para o município de Curionópolis. Walde explica que a companhia já tem o Projeto Serra Leste, um programa de mineração que será instalado na cidade nos próximos anos.

Por meio desse projeto, a CVRD investirá na infra-estrutura e na criação de um programa agrícola em Curionópolis, entre outras áreas. “Traremos as informações para discuti-las com os gestores do município e analisar as novas tendências de mineração no local", diz o coordenador.

COMPANHIA VALE DO RIO DOCE
A CVRD está instalada na região dos Carajás desde 1968 e explora os imensos depósitos de minérios de ferro do local. Ela é responsável, junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por 1,2 milhão de hectares de florestas. Mas dos 412 mil hectares relativos a área do Projeto Ferro Carajás, apenas 1,6% são ocupados com as minas, com as instalações de beneficiamento de minério e o Núcleo Urbano.

Esse núcleo, por sua vez, foi instalado pela CVRD em 1986 para apoiar as operações de mineração iniciadas na região. Ele ocupa uma área de 308 hectares e possui todas as condições de conforto e segurança para acolher uma população de até 7.000 habitantes, entre empregados da Vale, de empresas contratadas e seus familiares, em 1.320 residências.

29 janeiro 2007

Relações de gênero: representações

Os rondonistas da UnB em Curionópolis (PA) tiveram uma tarde descontraída na segunda-feira, 29 de janeiro. O estudante do 8° semestre de Psicologia da UnB Eduardo Guimarães Amorim, 23 anos, ministrou a oficina Refletindo a família e contou com o maior público já presente nas atividades dos rondonistas no centro do município. Ao todo, 32 pessoas participaram das dinâmicas e expuseram sua visão a respeito do modelo das famílias contemporâneas.

Criatividade foi o que não faltou. Os participantes expressaram-se por meio de desenhos e representações teatrais. Eles falaram a respeito de religião, liberdade, relacionamento entre pais e filhos e entre cônjuges. Mas o assunto mais polêmico foi o dos papeis representados pelo marido e pela mulher dentro de casa.

Para a conselheira tutelar Francisca Zacarias Reis, 23 anos, a discussão sobre os papeis que os cônjuges representam é fundamental na comunidade de Curionópolis. Isso porque, diz ela, o trabalho do Conselho Tutelar da cidade envolve também a responsabilidade da mulher no contexto familiar, já que, atualmente, além de trabalhar, a maioria continua responsável por todas as atividades domésticas. “Muitos homens ainda vêem como obrigação apenas colocar dinheiro dentro de casa. A mulher ainda tem de administrar tudo e, se houver algum problema com os filhos, ela fica como culpada”, diz Francisca.

Prefeito parabeniza rondonistas


O prefeito de Curionópolis (PA), Sebastião Curió Rodrigues de Moura, aproveitou o primeiro dia de trabalho depois de seu período de férias para dar as boas-vindas aos rondonistas da UnB e da Fumec. Durante o hasteamento da bandeira do Brasil na Prefeitura, na manhã de segunda-feira, 29 de janeiro, ele parabenizou os professores e estudantes pelo trabalho desenvolvido junto à comunidade.

“Essa é uma iniciativa de profundo impacto social. É uma importante troca de saberes. De um lado, os estudantes trazem conhecimento para a população. De outro, entram em contato com uma nova realidade e absorvem os problemas da região”, avaliou o prefeito.

Ele mesmo já acompanhou uma equipe de rondonistas no município de Altamira (PA), na década de 1970, quando era major ligado ao Conselho de Segurança Nacional da Presidência da República. Na época, disse ele, as ações eram diferentes, mas a intenção era a mesma de hoje. “Eram atividades como assistência médica e odontológica, que também visavam ao intercâmbio de conhecimento”, lembra-se o prefeito.

Incentivo aos artistas locais


Músicos, dançarinos, piadistas, fotógrafos e desenhistas. Os artistas de Curionópolis (PA) expuseram seu talento na tarde de domingo, 28 de janeiro. Eles participaram da oficina Encontro com artistas, organizada pelos rondonistas da UnB no Teatro Municipal da cidade. Com a idéia de incentivar a expressão cultural local e planejar a feira Construindo Nossas Vidas (veja abaixo), o encontro reuniu 17 pessoas da comunidade.

A professora do Instituto de Artes (IdA) da UnB Maria Luiza Fragoso, subcoordenadora da equipe de rondonistas da universidade em Curionópolis, sugeriu que os artistas do município se reunissem em cooperativas para desenvolver seus trabalhos. “Em grandes cidades, temos cooperativas de áreas como música e artes plásticas. Aqui, vocês também podem organizar uma de arte e cultura”, afirmou a professora.

Para o vocalista da banda Os Alterados do Forró, Robson Carlos Araújo, 20 anos, é fundamental o incentivo à expressão artística local por meio de cooperativas. “Embora nossa cidade não tenha muito recurso destinado a essa atividade, podemos nos reunir e melhorar, inclusive, o turismo da região. Além disso, a arte incentiva crianças a saírem das ruas e das drogas”, observa Araújo.

FEIRA CONSTRUINDO NOSSAS VIDAS
Os rondonistas da UnB em Curionópolis organizarção a feira Construindo Nossas Vidas na quinta-feira, 1 de janeiro, na escola Almir Gabriel, no horário de 11h às 18h. O encontro promoverá expressões culturais e ações globais de saúde, educação e lazer no município, além de confraternizar a comunidade com a equipe do Projeto Rondon. As atividades enfocarão a cidadania, a saúde ambiental e a inclusão social, entre outros temas.